Três Grandes Lições Para Ser Feliz

Xô, tristeza: com os princípios da inteligência emocional você deixa para trás as emoções que são um atraso de vida.
Nós, brasileiros, somos otimistas. Numa pesquisa feita pelo Institulo Gallup em 4 países, no final de 1996, os brasileiros se destacaram como o mais otimista dos povos. Se você busca a felicidade - e quem não busca? -, essa é uma excelente notícia. O otimismo é uma dessas preciosas emoções que nos tornam capazes de ter prazer com a vida. Não aquele prazer fácil, que surge quando estamos apaixonados, sem dúvidas e com tudo em cima. Estamos falando do prazer com a vida nas piores condições: chuva na praia, pneu furado, meia desfiada antes de chegar à festa. Quem ri em situações como essas é feliz e sabe controlar emoções negativas.
"Emoções nocivas põem tanto em risco nossa saúde física quanto fumar um cigarro atrás do outro", diz o psicólogo americano Daniel Goleman, que popularizou os princípios da inteligência emocional no livro que virou um best-seller. O psicólogo acredita que o equilíbrio dos sentimentos pode e deve ser aprendido num processo que chama de alfabetização emocional, capaz de tornar as pessoas mais felizes consigo mesmas, mais habilitadas a manter relacionamentos e mais bem-sucedidas profissional e socialmente. Você está disposto a tentar? As três grandes lições são: expandir aptidões emocionais, controlar sentimentos negativos e estimular os positivos.

1ª LIÇÃO: EXPANDIR CINCO APTIDÕES EMOCIONAIS

a. Autoconsciência: a incapacidade de observar nossos sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas que se conhecem são melhores pilotos de suas vidas e se sentem mais à vontade para tomar decisões, desde com quem casar até que emprego aceitar.
b. Capacidade de lidar com emoções: ter essa aptidão significa ser capaz de confortar-se, livrar-se da ansiedade, da tristeza e da irritabilidade. As pessoas fracas nesta aptidão vivem combatendo sentimentos de desespero, enquanto as fortes se recuperam rapidamente de revezes e de perturbações.
c. Motivação: colocar as emoções a serviço de uma meta é essencial para a atenção, a automotivação e a criatividade. O autocontrole emocional sabe esperar pela satisfação e reprimir os impulsos que está por trás de nossas realizações. As pessoas com essa capacidade tendem a ser mais produtivas e eficazes.
d. Capacidade de reconhecer emoções nos outros: a empatia é a aptidão pessoal mais importante nos relacionamentos e na vida social. Ela gera altruísmo. Pessoas empáticas estão mais sintonizadas com o que os outros precisam ou querem.
e. Habilidade em administrar os relacionamentos: as pessoas que desenvolvem essa aptidão são melhor sucedidas não só nas relações pessoais como em profissões que dependem de interagir com os outros. Tornam-se estrelas sociais. 

2ª LIÇÃO: TORNAR-SE AMIGO DOS SENTIMENTOS POSITIVO

As pesquisas comprovam que sentimentos positivos não apenas tornam as pessoas mais felizes como têm o poder de curar e evitar doenças. No aprendizado do bem-estar, é preciso desenvolver atitudes como:
a. Empatia: "Nunca perguntes por quem dobram os sinos; eles dobram por ti", escreveu o poeta americano John Donne. O que ele quis dizer é que nós, seres humanos, somos da mesma espécie; a dor do outro é a nossa dor. Sentir com e como o outro, envolvendo-se com as dores alheias, é um poderoso bálsamo para curar as nossas próprias feridas.
b. Otimismo: o otimismo, primo-irmão da esperança, é uma atitude que nos protege da apatia e da depressão. Em proposta de uma decepção amorosa ou à perda do emprego, os otimistas tendem a reagir ativa e esperançosamente, formulando um plano de ação e buscando ajuda. Em contraste, os pessimistas nada fazem, supondo que uma falha pessoal os perseguirá para sempre.
c. Esperança: a esperança, no sentido técnico, é mais que uma visão ensolarada de que tudo vai dar certo. "Ela consiste em acreditar que se possui vontade e os meios para atingir as próprias metas, quaisquer que sejam", define Daniel Goleman. Da perspectiva da inteligência emocional, ter esperança quer dizer que não vamos cair em ansiedade arrasadora, ter atitudes derrotistas ou entrar em depressão diante dos revezes.
d. Apoio emocional: é imensurável o valor médico do afeto sobre a saúde física e mental. A sensação de que não se dispõe de ninguém para partilhar os problemas duplica as possibilidades de doença ou morte, acredita Daniel. Um artigo da revista americana "Science" mostrou que o isolamento é tão fatal quanto o fumo, a depressão, o colesterol alto, a obesidade e a falta de exercício físico. Saber desabafar e estar pronto a ouvir o desabafo dos amigos são aptidões que precisam ser desenvolvidas por quem deseja trilhar o caminho do bem-estar. 

3ª LIÇÃO: AFASTAR AS EMOÇÕES NEGATIVAS

Combater emoções negativas é um dos recursos fundamentais no aprendizado do bem-estar. Segundo o papa da inteligência emocional, são três os passos a dar nessa luta:
a. "Esfriar" a raiva: a ira se dissemina numa seqüência de mini-gatilhos que desencadeiam a violência. Interromper o processo antes que o cérebro esquente parece ser o bálsamo mais eficiente. Uma volta de carro ou a pé, exercícios de relaxamento e inspirações profundas devem ser feitos. Em brigas de casais, Daniel Goleman recomenda que ambos os cônjuges peçam uma folga antes de retomar a discussão, sempre que a temperatura se eleve.
b. Afastar a melancolia: se o luto - período de recolhimento para "digerirmos" uma grande dor - é útil à recuperação, já a melancolia e a depressão são estados que não trazem nenhum benefício. Uma de suas peculiaridades mais danosas é a ruminação - o nome que Goleman dá aos pensamentos obsessivos ligados ao que nos faz sofrer. Podemos ficar horas fixados no cansaço que sentimos, na pouca energia que temos ou na noite de insônia que nos espera. Duas estratégias são eficazes para não mergulhar passivamente na tristeza: contestar os pensamentos da ruminação, questionando sua validade e substituindo-os por alternativas mais positivas, e programar acontecimentos agradáveis para se distrair. A idéia do "bom choro" é enganadora. Chorar prolonga a ruminação. Ao programar distrações, escolha algo que desvie sua atenção do sofrimento: assistir a uma partida esportiva ou a um filme divertido, montar um quebra-cabeça. Exercícios aeróbicos são altamente recomendados e até tarefas domésticas há muito adiadas, como a organização do guarda-roupa, podem ser preciosos antídotos para a tristeza. Sua função é dar a sensação de triunfo fácil. 
c. Ver as coisas de maneira diferente: uma das formas mais potentes para afastar estados depressivos é a técnica conhecida por contenção cognitiva. É natural lamentar o fim de um relacionamento e remoer idéias de autopiedade, como a convicção de que "isso quer dizer que vou ficar sempre sozinho", exemplifica Goleman. Mas, essa atitude certamente só aumenta o desespero. Recuar e pensar nos aspectos em que a relação não era assim tão sensacional - ou seja, ver a perda sob uma luz mais positiva - pode ajudar bastante na recuperação. 

PESSOAS FELIZES TÊM A MANIA DE:

 a. Enfrentar seus medos - Pessoas felizes enfrentam aquilo que as faz ficarem ansiosas - falar em público, reclamar seus direitos como consumidor, enfrentar uma viagem de carro sozinha, pular de pára-quedas. Deixando que a ansiedade siga o seu curso, com o tempo o medo do fracasso perde a intensidade.

b. Dançar e mexer com o corpo - Exercícios provocam a liberação de endorfina, um hormônio que funciona como espécie de morfina natural, que conduz a uma sensação de euforia.

c. Não sofrer por muito tempo - "Uma pessoa feliz sabe que as coisas boas ou ruins não são eternas", explica o psicólogo Carlos Américo Alves. Acreditando nisso, não se perde tempo ruminando mágoas antigas.

d. Ter prazer com detalhes - Pessoas felizes dormem bem e acordam cantando, páram na rua para admirar a beleza de uma árvore e sempre pensam em um milhão de coisas que gostariam de fazer. Pode parecer um ditado da Seicho-no-ie, mas pessoas felizes têm capacidade de se concentrar nos detalhes e usufruí-los.

e. Viver mais - O motivo é simples: elas são menos tensas, ansiosas e estressadas, e por isso têm menos problemas de saúde. Quem está de bem com a vida também bebe e fuma menos e evita correr riscos, como, por ex., dirigir em alta velocidade. "Pessoas estressadas e angustiadas podem ter palpitações, pressão alta, dores de estômago e insônia", garante o clínico geral Antonio Carlos Lopes, professor da Escola Paulista de Medicina. O psiquiatra Jair Mari, também da Escola Paulista, concorda: "Pessoas que estão de bem tanto na área afetiva quanto na profissional, sofrem menos estresse e depressão".